À sombra de uma mangueira: Praça Paulo Freire
À sombra de uma mangueira: Praça Paulo Freire
Ser uma pessoa de visão é ter a capacidade de enxergar além do presente imediato, é compreender a abrangência dos recursos e dos desafios, é sobretudo, saber aproveitar as oportunidades que se apresentam, e criá-las quando aparecem as dificuldades. Não se resume apenas a ter ideias, mas também envolve ação e execução, capazes de transformá-las em realidade.
Uma importante pessoa de visão dos nossos tempos, sem dúvidas, foi Paulo Freire. Nascido em 1921, no Brasil, ele se tornou um renomado educador, filósofo e teórico da educação, conhecido mundialmente por suas ideias progressistas e inovadoras.
Ele foi um defensor fervoroso da educação como um meio de libertação e transformação social. Freire acreditava que a educação não deveria ser um processo unidirecional, onde o conhecimento é simplesmente transmitido de professor para aluno. Em vez disso, ele defendia a educação como um diálogo interativo, no qual professores e estudantes aprendem juntos, colaborando para a construção do conhecimento. Para Freire, a educação é um processo de conscientização, no qual os alunos/as são incentivados a questionar as estruturas sociais injustas e a trabalhar para transformá-las.
Muitas das aulas de Paulo Freire foram embaixo das árvores, e são um exemplo vívido de sua abordagem educacional. Freire acreditava que o ambiente de aprendizagem não precisa ser limitado às quatro paredes de uma sala de aula tradicional. Ele valorizava o contato direto com a natureza e com a comunidade local como formas de enriquecer a educação.
“À sombra desta mangueira” é um livro onde Freire conversa sobre as reflexões ainda na infância e juventude, que fazia em seu quintal, embaixo da sobra de uma delas. A mangueira proporcionava sombra e frescor, enquanto a natureza ao redor servia como um estímulo para a reflexão e a conexão com o mundo natural.
As ideias de Paulo Freire continuam a inspirar educadores e estudiosos ao redor do mundo. Seu trabalho influenciou diversas abordagens pedagógicas e políticas educacionais, destacando a importância da conscientização, da participação ativa dos alunos/as e da busca por uma educação libertadora.
Do legado que não se perdeu com o tempo
Visão, ação, execução e realidade, são as palavras que definem esse trabalho feito por mãe e filho, Madalena e Mateus, colaboradores da Associação Ambientalista Copaíba. Da observação de uma necessidade, eles buscaram meios e recursos para executarem a construção dos bancos fixados próximos ao Viveiro Florestal Copaíba.
Este espaço ganhou o nome de “Praça Paulo Freire” e será utilizado, assim como seu homenageado, para as ações de educação ambiental. Como muitos sabem, a Associação também é um espaço educador, onde centenas de pessoas anualmente frequentam, aprendem, vivenciam e multiplicam os seus saberes.
“O objetivo do Programa de Educação Ambiental da Copaíba é reconectar as pessoas com a natureza, conscientizando sobre a importância da conservação e restauração dos ecossistemas, incentivando a formação de uma geração restauradora, em especial da Mata Atlântica.” Pontua Tatiana Terasin, Coordenadora da Educação Ambiental, ela ainda completa dizendo: “Na perspectiva freireana, a conscientização não é uma pílula mágica que transforma o outro, mas sim um processo continuo de compartilhar conhecimentos e transformar o mundo. Segundo Paulo Freire:
[…] a conscientização é um compromisso histórico. É também consciência histórica: é inserção crítica na história, implica que os homens assumam o papel de sujeitos que fazem e refazem o mundo. Exige que os homens criem sua existência com um material que a vida lhes oferece… (FREIRE, 1979)
A Copaíba gostaria de expressar gratidão à Paulo Freire pelos serviços prestados em prol da educação, que reverberam até hoje empoderando milhões de pessoas ao redor do mundo. E também à Madalena e Mateus, que da observação e proatividade, criaram um novo ambiente que já está sendo utilizado pela Educação Ambiental, à sombra de uma mangueira.
FREIRE, Paulo Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire [tradução de Kátia de Mello e Silva; revisão técnica de Benedito Eliseu Leite Cintra]. – São Paulo: Cortez & Moraes, 1979.
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